Jean Wyllys: de vencedor a analista do BBB comenta sobre programa
Ana Cristina Pereira Redação CORREIO
Vencedor da quinta edição do Big Brother Brasil (2005), o jornalista baiano Jean Wyllys, 36 anos, levou a discussão da homossexualidade para dentro da casa. Por isso, afirma, ficou especialmente interessado nesta edição do programa, que colocou dois gays e uma lésbica na disputa, dando um novo colorido ao BBB 10, que nesta terça-feira (30) chega ao fim. “A edição realçou os comportamentos dos ‘coloridos’ e, por conta disso, muitas questões ligadas à homossexualidade voltaram a ser discutidas abertamente no horário nobre desde 2005, quando participei do BBB 5”, diz Jean, que atualmente prepara tese de doutorado sobre o BBB na Universidade Federal Fluminense (UFF).
Além de ter voltado à academia, ele está pensando em se candidatar a deputado federal, pelo Psol, e prepara-se para estrear no cinema, como roteirista do documentário Eu,Virtual. Também pretende lançar um livro com as melhores crônicas que publica, semanalmente, no CORREIO. Confira trechos da entrevista, feita por e-mail.
Você acha que a presença de Dicesar, Angélica e Serginho contribuiu para ampliar o debate sobre as minorias sexuais?
Sim. A presença de Dicésar, Sérgio e Angélica, ao mesmo tempo em que deu mais visibilidade aos homossexuais no horário nobre da TV aberta de maior audiência do país, pode ter mostrado aos telespectadores que os homossexuais são diferentes entre si.
Claro que as condutas individuais de Dicesar e de Sérgio não configuravam uma representação positiva para a comunidade gay, não só porque eles eram ecos da caricatura ou estereótipo homossexual historicamente repetido em programas de TV e na publicidade, mas, principalmente, porque tinham desvios de caráter. Angélica era a exceção. Lamentei sua saída.
Ao contrário do que se tem dito, que este foi o BBB da diversidade, você prefere defini-lo como o BBB do embate entre homossexuais e heterossexuais. Por quê?
Eu defino dessa forma porque, graças ao fato de os realizadores do BBB terem colocado, entre os participantes, uma lésbica e dois gays, sendo um deles uma drag queen e o outro um pós-adolescente bastante afeminado, “a questão homossexual” tornou-se um tema presente do primeiro aos últimos dias. A presença dos “coloridos” e de suas “licenciosidades” ou “libertinagens” perturbou as audiências heterossexuais e tradicionais.
A rivalidade que sempre existe entre torcidas do BBB estabeleceu-se, desta vez, em torno da questão sexual. Por isso, Marcelo Dourado, ao se opor explicitamente à “licenciosidade” dos coloridos, encarnou as aspirações da maioria heterossexual.
Esta edição do programa intensificou a interatividade, sobretudo via Twitter. Qual o poder real do público?
O público sempre teve poder, mesmo respondendo às narrativas construídas pela edição e cobertura da imprensa e dos blogs. Nos estudos que venho empreendendo sobre o BBB, percebo que três narrativas concorrem para configurar e reconfigurar o imaginário sobre os participantes: a primeira é aquela construída pelo próprio participante, que envolve a maneira como ele quer ser visto; a segunda é construída pela equipe de editores; e a terceira pela imprensa e, principalmente de 2007 pra cá, pelos blogs especializados e pelo Twitter. Foi aumentando sua participação que o público viu seu poder ampliado. Via blogs e Twitter, aponta erros nas provas, exige correção e dá sugestões de castigos, além de organizar esquemas de votação.
Quem você gostaria que ganhasse o BBB 10 e por quê?
A Fernanda. Por várias razões. Uma delas é que ela figurou, sem querer, como resistência aos esforços do grupo formado por Dourado, Cadu e Lia em manipular os outros participantes e, sobretudo, as audiências, com mentiras repetidas várias vezes para que se tornassem verdades. A outra razão é o fato dela ser mulher, uma mulher bonita e inteligente. É inadmissível que, num país majoritariamente feminino, em dez anos do BBB, apenas duas mulheres tenham saído vencedoras, mesmo assim apenas porque eram pobres e tinham ingressado via sorteio.
Em entrevista recente, o diretor do BBB, Boninho, disse que ninguém entra no programa por ser ou não gay e que você, por exemplo, foi escolhido por ser inteligente. Você concorda?
É possível, ou melhor, é quase certo que eu tenha sido selecionado não por ser gay, mas por ter um perfil inusitado para o programa: um jornalista, escritor e professor universitário que queria se aventurar por um programa de massa execrado pela intelectualidade preconceituosa.
Mas, nos casos de Sérgio, Dicesar e Angélica, é óbvio que eles entraram no programa só porque eram homossexuais. Se assim não o fosse, eles não teriam sido rotulados de “coloridos” pela produção já no primeiro dia. Não sei por que Boninho quer negar isso...
Ana Cristina Pereira Redação CORREIO
Vencedor da quinta edição do Big Brother Brasil (2005), o jornalista baiano Jean Wyllys, 36 anos, levou a discussão da homossexualidade para dentro da casa. Por isso, afirma, ficou especialmente interessado nesta edição do programa, que colocou dois gays e uma lésbica na disputa, dando um novo colorido ao BBB 10, que nesta terça-feira (30) chega ao fim. “A edição realçou os comportamentos dos ‘coloridos’ e, por conta disso, muitas questões ligadas à homossexualidade voltaram a ser discutidas abertamente no horário nobre desde 2005, quando participei do BBB 5”, diz Jean, que atualmente prepara tese de doutorado sobre o BBB na Universidade Federal Fluminense (UFF).
Além de ter voltado à academia, ele está pensando em se candidatar a deputado federal, pelo Psol, e prepara-se para estrear no cinema, como roteirista do documentário Eu,Virtual. Também pretende lançar um livro com as melhores crônicas que publica, semanalmente, no CORREIO. Confira trechos da entrevista, feita por e-mail.
Você acha que a presença de Dicesar, Angélica e Serginho contribuiu para ampliar o debate sobre as minorias sexuais?
Sim. A presença de Dicésar, Sérgio e Angélica, ao mesmo tempo em que deu mais visibilidade aos homossexuais no horário nobre da TV aberta de maior audiência do país, pode ter mostrado aos telespectadores que os homossexuais são diferentes entre si.
Claro que as condutas individuais de Dicesar e de Sérgio não configuravam uma representação positiva para a comunidade gay, não só porque eles eram ecos da caricatura ou estereótipo homossexual historicamente repetido em programas de TV e na publicidade, mas, principalmente, porque tinham desvios de caráter. Angélica era a exceção. Lamentei sua saída.
Ao contrário do que se tem dito, que este foi o BBB da diversidade, você prefere defini-lo como o BBB do embate entre homossexuais e heterossexuais. Por quê?
Eu defino dessa forma porque, graças ao fato de os realizadores do BBB terem colocado, entre os participantes, uma lésbica e dois gays, sendo um deles uma drag queen e o outro um pós-adolescente bastante afeminado, “a questão homossexual” tornou-se um tema presente do primeiro aos últimos dias. A presença dos “coloridos” e de suas “licenciosidades” ou “libertinagens” perturbou as audiências heterossexuais e tradicionais.
A rivalidade que sempre existe entre torcidas do BBB estabeleceu-se, desta vez, em torno da questão sexual. Por isso, Marcelo Dourado, ao se opor explicitamente à “licenciosidade” dos coloridos, encarnou as aspirações da maioria heterossexual.
Esta edição do programa intensificou a interatividade, sobretudo via Twitter. Qual o poder real do público?
O público sempre teve poder, mesmo respondendo às narrativas construídas pela edição e cobertura da imprensa e dos blogs. Nos estudos que venho empreendendo sobre o BBB, percebo que três narrativas concorrem para configurar e reconfigurar o imaginário sobre os participantes: a primeira é aquela construída pelo próprio participante, que envolve a maneira como ele quer ser visto; a segunda é construída pela equipe de editores; e a terceira pela imprensa e, principalmente de 2007 pra cá, pelos blogs especializados e pelo Twitter. Foi aumentando sua participação que o público viu seu poder ampliado. Via blogs e Twitter, aponta erros nas provas, exige correção e dá sugestões de castigos, além de organizar esquemas de votação.
Quem você gostaria que ganhasse o BBB 10 e por quê?
A Fernanda. Por várias razões. Uma delas é que ela figurou, sem querer, como resistência aos esforços do grupo formado por Dourado, Cadu e Lia em manipular os outros participantes e, sobretudo, as audiências, com mentiras repetidas várias vezes para que se tornassem verdades. A outra razão é o fato dela ser mulher, uma mulher bonita e inteligente. É inadmissível que, num país majoritariamente feminino, em dez anos do BBB, apenas duas mulheres tenham saído vencedoras, mesmo assim apenas porque eram pobres e tinham ingressado via sorteio.
Em entrevista recente, o diretor do BBB, Boninho, disse que ninguém entra no programa por ser ou não gay e que você, por exemplo, foi escolhido por ser inteligente. Você concorda?
É possível, ou melhor, é quase certo que eu tenha sido selecionado não por ser gay, mas por ter um perfil inusitado para o programa: um jornalista, escritor e professor universitário que queria se aventurar por um programa de massa execrado pela intelectualidade preconceituosa.
Mas, nos casos de Sérgio, Dicesar e Angélica, é óbvio que eles entraram no programa só porque eram homossexuais. Se assim não o fosse, eles não teriam sido rotulados de “coloridos” pela produção já no primeiro dia. Não sei por que Boninho quer negar isso...
Por que você resolveu voltar à universidade para estudar o BBB? Como foi recebido depois de ter se tornado uma celebridade?
Porque eu nunca me imaginei longe dela. Porque eu sempre tive um pé dentro e outro fora, mesmo antes de ser famoso. Fiz pesquisa e dei aulas na universidade ao mesmo tempo em que atuava como jornalista e escritor. Eu até esperava enfrentar mais preconceito por parte da academia carioca, mas isso não aconteceu. Um ou outro professor torce o nariz, mas a maioria me recebeu de braços abertos e houve até instituições me disputando quando decidi deixar a TV para voltar à academia.
Qual é o foco principal de sua tese de doutorado? E quando irá defendê-la?
Ainda não sei quando vou defendê-la. Além do trabalho freelance que faço como roteirista e diretor artístico, como sou filiado ao Psol, este ano a Heloísa Helena me convidou a sair candidato a deputado federal pelo Rio, onde vivo e trabalho há mais de cinco anos. Caso eu diga sim, terei que me engajar numa campanha eleitoral... Então, a defesa da tese, cujo foco principal é uma análise dos significados nascidos do consumo do BBB, terá de ser adiada.
Qual é, hoje, a sua relação com a Globo e com outros brothers?
A melhor possível. Eu a respeito e ela me respeita. Saí da Globo porque eu quis e de maneira elegante, logo, as portas permaneceram abertas. E o fato de ter pedido demissão não me impediu de fazer trabalhos como Canal Brasil, que é da Globosat. Talvez seja difícil para as pessoas aceitarem que alguém pode dizer não à Globo, por isso muitas saem inventando coisas e fazendo fofocas. Eu disse não porque não estava feliz fazendo o que eu fazia e a felicidade para mim é o que mais importa. Mantenho a amizade com o Alan, a Grazi e a Pink.
Uma moça determinada entre o machão e o amigão – O que será que vai pesar mais na balança do telespectador? O bom mocismo de Cadu, a determinação de Fernanda ou o jeitão direto e sem papas na língua de Dourado?
Hoje à noite, um dos três vai levar a bolada de R$ 1,5 milhão - maior valor já pago pelo programa no Brasil - sagrando-se campeão da décima e mais acirrada edição do Big Brother Brasil.
Aquela em que todos declararam-se verdadeiros jogadores. Depois de dois meses e 18 dias, muita farra e de todo tipo de pega-pra-capar, o programa chega ao fim com três candidatos muito distintos entre si. A disputa começa às 22h10, na Globo (TV Bahia). Correndo por fora, a dentista de Ribeirão Preto (SP) Fernanda, 28 anos, deu uma virada, passando da posição insossa para o ataque.
Além de usar os predicados físicos, Fernanda superou limites nas provas físicas. Foi líder três vezes, voltou do paredão com Lia e já garantiu um apartamento de R$ 220 mil. Mas ela terá muita dificuldade para se impor entre os favoritos Cadu, 24, e Dourado, 37. Apesar de unidos na reta final, os brothers são praticamente opostos: o personal trainer carioca Carlos Eduardo encarna o bom moço, amigo de todas as horas, e conseguiu a façanha de não ter sido indicado por ninguém ao paredão. Além disso, é unanimidade entre a mulherada, que suspira por ele dentro e fora da casa.
Com o lutador gaúcho Marcelo Dourado, a conversa é outra. Polêmico, confuso, mas nunca omisso, ele se contrapôs à alegria colorida do BBB 10, brigou com boa parte dos concorrentes, mas em outros momentos foi amigo e solidário. Tachado de “machão”, conquistou uma torcida poderosa e fiel, a Máfia Dourada, que já garantiu sua permanência em cinco paredões.
(Notícia publicada na edição impressa do dia 30/03/2010 do CORREIO)
Fonte: Jean Wyllys Fã-Clube
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