terça-feira, 30 de março de 2010

BBB10 - Jean Wyllys torce para Fernanda


Jean Wyllys: de vencedor a analista do BBB comenta sobre programa



Ana Cristina Pereira Redação CORREIO

Vencedor da quinta edição do Big Brother Brasil (2005), o jornalista baiano Jean Wyllys, 36 anos, levou a discussão da homossexualidade para dentro da casa. Por isso, afirma, ficou especialmente interessado nesta edição do programa, que colocou dois gays e uma lésbica na disputa, dando um novo colorido ao BBB 10, que nesta terça-feira (30) chega ao fim. “A edição realçou os comportamentos dos ‘coloridos’ e, por conta disso, muitas questões ligadas à homossexualidade voltaram a ser discutidas abertamente no horário nobre desde 2005, quando participei do BBB 5”, diz Jean, que atualmente prepara tese de doutorado sobre o BBB na Universidade Federal Fluminense (UFF).

Além de ter voltado à academia, ele está pensando em se candidatar a deputado federal, pelo Psol, e prepara-se para estrear no cinema, como roteirista do documentário Eu,Virtual. Também pretende lançar um livro com as melhores crônicas que publica, semanalmente, no CORREIO. Confira trechos da entrevista, feita por e-mail.

Você acha que a presença de Dicesar, Angélica e Serginho contribuiu para ampliar o debate sobre as minorias sexuais?
Sim. A presença de Dicésar, Sérgio e Angélica, ao mesmo tempo em que deu mais visibilidade aos homossexuais no horário nobre da TV aberta de maior audiência do país, pode ter mostrado aos telespectadores que os homossexuais são diferentes entre si.

Claro que as condutas individuais de Dicesar e de Sérgio não configuravam uma representação positiva para a comunidade gay, não só porque eles eram ecos da caricatura ou estereótipo homossexual historicamente repetido em programas de TV e na publicidade, mas, principalmente, porque tinham desvios de caráter. Angélica era a exceção. Lamentei sua saída.

Ao contrário do que se tem dito, que este foi o BBB da diversidade, você prefere defini-lo como o BBB do embate entre homossexuais e heterossexuais. Por quê?
Eu defino dessa forma porque, graças ao fato de os realizadores do BBB terem colocado, entre os participantes, uma lésbica e dois gays, sendo um deles uma drag queen e o outro um pós-adolescente bastante afeminado, “a questão homossexual” tornou-se um tema presente do primeiro aos últimos dias. A presença dos “coloridos” e de suas “licenciosidades” ou “libertinagens” perturbou as audiências heterossexuais e tradicionais.

A rivalidade que sempre existe entre torcidas do BBB estabeleceu-se, desta vez, em torno da questão sexual. Por isso, Marcelo Dourado, ao se opor explicitamente à “licenciosidade” dos coloridos, encarnou as aspirações da maioria heterossexual.

Esta edição do programa intensificou a interatividade, sobretudo via Twitter. Qual o poder real do público?
O público sempre teve poder, mesmo respondendo às narrativas construídas pela edição e cobertura da imprensa e dos blogs. Nos estudos que venho empreendendo sobre o BBB, percebo que três narrativas concorrem para configurar e reconfigurar o imaginário sobre os participantes: a primeira é aquela construída pelo próprio participante, que envolve a maneira como ele quer ser visto; a segunda é construída pela equipe de editores; e a terceira pela imprensa e, principalmente de 2007 pra cá, pelos blogs especializados e pelo Twitter. Foi aumentando sua participação que o público viu seu poder ampliado. Via blogs e Twitter, aponta erros nas provas, exige correção e dá sugestões de castigos, além de organizar esquemas de votação.

Quem você gostaria que ganhasse o BBB 10 e por quê?
A Fernanda. Por várias razões. Uma delas é que ela figurou, sem querer, como resistência aos esforços do grupo formado por Dourado, Cadu e Lia em manipular os outros participantes e, sobretudo, as audiências, com mentiras repetidas várias vezes para que se tornassem verdades. A outra razão é o fato dela ser mulher, uma mulher bonita e inteligente. É inadmissível que, num país majoritariamente feminino, em dez anos do BBB, apenas duas mulheres tenham saído vencedoras, mesmo assim apenas porque eram pobres e tinham ingressado via sorteio.

Em entrevista recente, o diretor do BBB, Boninho, disse que ninguém entra no programa por ser ou não gay e que você, por exemplo, foi escolhido por ser inteligente. Você concorda?
É possível, ou melhor, é quase certo que eu tenha sido selecionado não por ser gay, mas por ter um perfil inusitado para o programa: um jornalista, escritor e professor universitário que queria se aventurar por um programa de massa execrado pela intelectualidade preconceituosa.
Mas, nos casos de Sérgio, Dicesar e Angélica, é óbvio que eles entraram no programa só porque eram homossexuais. Se assim não o fosse, eles não teriam sido rotulados de “coloridos” pela produção já no primeiro dia. Não sei por que Boninho quer negar isso...

Por que você resolveu voltar à universidade para estudar o BBB? Como foi recebido depois de ter se tornado uma celebridade?
Porque eu nunca me imaginei longe dela. Porque eu sempre tive um pé dentro e outro fora, mesmo antes de ser famoso. Fiz pesquisa e dei aulas na universidade ao mesmo tempo em que atuava como jornalista e escritor. Eu até esperava enfrentar mais preconceito por parte da academia carioca, mas isso não aconteceu. Um ou outro professor torce o nariz, mas a maioria me recebeu de braços abertos e houve até instituições me disputando quando decidi deixar a TV para voltar à academia.

Qual é o foco principal de sua tese de doutorado? E quando irá defendê-la?
Ainda não sei quando vou defendê-la. Além do trabalho freelance que faço como roteirista e diretor artístico, como sou filiado ao Psol, este ano a Heloísa Helena me convidou a sair candidato a deputado federal pelo Rio, onde vivo e trabalho há mais de cinco anos. Caso eu diga sim, terei que me engajar numa campanha eleitoral... Então, a defesa da tese, cujo foco principal é uma análise dos significados nascidos do consumo do BBB, terá de ser adiada.

Qual é, hoje, a sua relação com a Globo e com outros brothers?
A melhor possível. Eu a respeito e ela me respeita. Saí da Globo porque eu quis e de maneira elegante, logo, as portas permaneceram abertas. E o fato de ter pedido demissão não me impediu de fazer trabalhos como Canal Brasil, que é da Globosat. Talvez seja difícil para as pessoas aceitarem que alguém pode dizer não à Globo, por isso muitas saem inventando coisas e fazendo fofocas. Eu disse não porque não estava feliz fazendo o que eu fazia e a felicidade para mim é o que mais importa. Mantenho a amizade com o Alan, a Grazi e a Pink.

Uma moça determinada entre o machão e o amigão – O que será que vai pesar mais na balança do telespectador? O bom mocismo de Cadu, a determinação de Fernanda ou o jeitão direto e sem papas na língua de Dourado?
Hoje à noite, um dos três vai levar a bolada de R$ 1,5 milhão - maior valor já pago pelo programa no Brasil - sagrando-se campeão da décima e mais acirrada edição do Big Brother Brasil.

Aquela em que todos declararam-se verdadeiros jogadores. Depois de dois meses e 18 dias, muita farra e de todo tipo de pega-pra-capar, o programa chega ao fim com três candidatos muito distintos entre si. A disputa começa às 22h10, na Globo (TV Bahia). Correndo por fora, a dentista de Ribeirão Preto (SP) Fernanda, 28 anos, deu uma virada, passando da posição insossa para o ataque.

Além de usar os predicados físicos, Fernanda superou limites nas provas físicas. Foi líder três vezes, voltou do paredão com Lia e já garantiu um apartamento de R$ 220 mil. Mas ela terá muita dificuldade para se impor entre os favoritos Cadu, 24, e Dourado, 37. Apesar de unidos na reta final, os brothers são praticamente opostos: o personal trainer carioca Carlos Eduardo encarna o bom moço, amigo de todas as horas, e conseguiu a façanha de não ter sido indicado por ninguém ao paredão. Além disso, é unanimidade entre a mulherada, que suspira por ele dentro e fora da casa.

Com o lutador gaúcho Marcelo Dourado, a conversa é outra. Polêmico, confuso, mas nunca omisso, ele se contrapôs à alegria colorida do BBB 10, brigou com boa parte dos concorrentes, mas em outros momentos foi amigo e solidário. Tachado de “machão”, conquistou uma torcida poderosa e fiel, a Máfia Dourada, que já garantiu sua permanência em cinco paredões.

(Notícia publicada na edição impressa do dia 30/03/2010 do CORREIO)

Fonte: Jean Wyllys Fã-Clube

sexta-feira, 26 de março de 2010

Dimmy Kieer merece ganhar o BBB10


Dicésar é o que melhor representa a diversidade brasileira

Por: Valdeck Almeida de Jesus

Acompanho o BBB de longe, como quem não quer nada, sem tentar me comprometer. Não gosto de torcer e depois ficar sofrendo se eu não acertar na mosca. Foi assim que desisti de assistir jogos da Copa do Mundo. Eu chorava, gritava, torcia, me contorcia todo e, no final, o Brasil levava a pior. Aí era a desgraça total. Eu não comia por semanas, ficava cabisbaixo, enraivado, chutava o pau da barraca e entrava em depressão. Essa questão das perdas em minha vida é muito marcante. Não gosto de jogo de azar. Prefiro algo palpável ou jogos com regras claras e cristalinas, nos quais qualquer um possa dominar, ganhar e ser o campeão.

Infelizmente nem todo concurso, sorteio ou certame é assim. Alguns são feitos para ludibriar, enganar, canalizar para alguém. E quando o resultado é injusto, a frustração toma conta de quem perde, de quem torceu por um time, ideia ou pessoa.

O BBB10 não é diferente de nenhum outro tipo de competição. Ali, ganha o mais esperto, mas muita coisa se pode discutir em relação à forma como os programas diários são editados. Quem é anjinho durante o dia pode aparecer no compacto noturno como um diabinho e vice versa. A sorte, ou o azar, é que pode mudar o rumo do jogo, a despeito da edição e das historinhas criadas nos estúdios.

Esta mesma sorte, ou azar, coroou Fernanda e Dicésar (Dimmy Kieer, como é mais conhecido), na penúltima prova do líder. Era um sonho, uma utopia um dos dois ganharem a liderança para poder barganhar entre si uma jogada espetacular: um dos dois ser indicado ao paredão; um votar no outro para forçar o trio Cadu-Dourado-Lia se estranharem na votação entre si; etc. Mas a justiça foi feita, às avessas ou não.

Agora resta aguardar que a trama se desenrole e sonhar com Fernanda, Dicésar e quem quer que seja na votação final. Torço para Dimmy Kieer levar o prêmio maior, não pelo valor monetário, mas pelo valor simbólico de ver um gay, transformista, quarentão, careca e barrigudinho (eita, quanta coisa para dar motivos aos preconceituosos de plantão) levar a melhor, numa mídia que é tão fantástica e tão cruel ao mesmo tempo.

Vou votar maçiçamente em qualquer outro que esteja no paredão, para facilitar a vitória da divina e maravilhosa diversidade: Dimmy Kieer!

Fonte: Galinha Pulando, Dzaí, Artigonal, Comunique-se, Zona Mix

quinta-feira, 25 de março de 2010

O diário de Léo Dragone


Por Nathália Barrenha

Em setembro do ano passado, um jovem baiano de apenas 19 anos roubou olhares na 14ª Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro: o modelo e ator Alex Bruno Rodrigues de Jesus estreava na literatura com seu romance Diário de Rafinha: As duas faces de um amor, no qual vinha estampado o pseudônimo do escritor e nome pelo qual é conhecido – Léo Dragone. Além de não gostar da ausência de sonoridade de sua alcunha de batismo, ele já levava o apelido de Léo desde pequeninho devido às corujices de uma das tias, e o Dragone foi escolhido por causa da paixão pelos dragões, habitués das histórias fantásticas de que o autor tanto gosta.


A trama de traços cinematográficos Diário de Rafinha conta a trajetória de um jovem de 17 anos que se apaixona desesperadamente pelo namorado da irmã e suas ações extremas para ficar junto ao rapaz, as quais não poupam nenhuma pessoa que se arrisca a entrar em seu caminho. O personagem é observado por um narrador onisciente que acompanha os fatos e os conta. Portanto, o livro não é um diário como o título pode sugerir, o diário é a chave que desencadeia o fim inesperado da narrativa. Em entrevista exclusiva à AIMÉ, Léo Dragone contou um pouco mais de sua vida e de seus trabalhos.


Fale um pouco da sua vida em Salvador e como você se interessou pela escrita.
Nasci no subúrbio ferroviário de Salvador, no bairro chamado Periperi, localizado na Baía de Todos os Santos, um dos pontos mais distantes do centro da cidade. Periperi não tinha lazer de forma alguma (quadra de esportes, cinema, shopping, lugares para pedalar, parque, praças e outras formas de entretenimento). A única opção era a praia. Suja, impregnada de lixo, onde desaguava o esgoto. Mas, mesmo assim, era onde eu, meus primos e irmãos nos divertíamos, pulando do cais, sem noção dos riscos que a brincadeira poderia ter. Além de ir à praia, roubávamos pitanga no quintal de um vizinho, e fugíamos escorregando com papelões pela ladeira de barro que dava dentro de um brejo. Outra brincadeira que virou moda foi tocar a campainha das casas alheias e sair correndo.
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Parei de estudar com 15 anos para trabalhar e ajudar minha família. Somente aos 18 fui ao cinema e ao teatro pela primeira vez. Agora, com 19 anos, faço cursinho para recuperar os estudos, teatro – que é a profissão que desejo seguir – e um curso de modelo.
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Com a literatura, tudo começou com a Taíse, minha irmã mais velha, que sempre gostou de ler e levava pra casa livros que pegava emprestados. Certa vez, peguei um desses livros e comecei a folheá-lo, olhando somente as figuras, mas não entendia direito por que estavam acontecendo determinadas coisas nas figuras. Para saber o que acontecia eu tinha que ler, e então comecei a ler sem conseguir parar. Não lembro o nome do livro nem do autor. Eu devia ter uns 9 anos. A história falava de uma adolescente apaixonada pelo garoto mais bonito do colégio. Mas ele era bonito só por fora. O cara era “galinha”, mau caráter e dissimulado. Enquanto morria de amores pelo bonitão, a garota vivia às brigas com seu melhor amigo, um nerd magricelo, “quatro olhos” e cheio de espinhas na cara, por quem acabou descobrindo que estava realmente apaixonada.
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Depois de ler alguns livros, incluindo Capitães da Areia, de Jorge Amado, me veio a paixão e a vontade de escrever. Não fiz nenhum curso de literatura. Minha primeira história infanto-juvenil foi Diário de Rafinha, que eu comecei a escrever com 17 anos e publiquei agora em 2009.
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O que me motiva a escrever é o meu gosto de contar histórias. Gosto de passar mensagens, viajar nos textos e principalmente do prazer de saber que em algum lugar do mundo existe uma pessoa que leu, está lendo ou vai ler uma história contada por mim. Sem contar no sonho que tenho de escrever novelas. Incrivelmente, não sei como, mas consigo prever alguns finais ou histórias que se desenrolam nas tramas!
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Quais são as suas maiores influências - não apenas literárias, mas também de outras artes?
Minhas influências para escrever foram os livros que li na infância, meu amigo e assessor Valdeck Almeida e os autores de novela como João Emanuel Carneiro, Glória Perez e Manoel Carlos. Como ator, sempre fui fã e tenho como figuras que me inspiram na arte do teatro Deborah Secco, Wagner Moura, Taís Araújo, Lázaro Ramos, entre outros.
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Você poderia falar de seu processo criativo?
É um pouco complicado, primeiro me vem a ideia inicial... Quando tudo está fluindo, quase sempre trava. Pode acontecer de eu escrever 50 páginas por dia ou não passar da primeira linha. Às vezes, passo dias, semanas ou meses sem escrever nada. Ou então escrevo 50 páginas e num surto rasgo tudo e jogo fora. Minha angústia maior é quando os personagens insistem em caminhar com as próprias pernas. Foi o que aconteceu no Diário de Rafinha.
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Não tenho ritual para escrever, pode ser no cinema assistindo a um filme, no ônibus, indo para a escola ou mesmo no mercado. Por isso já ando precavido com caneta e papéis nas mãos!
Conte um pouco de como foi escrever Diário de Rafinha.
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Na ideia inicial o personagem principal seria uma mulher. Mas aí empacou no primeiro parágrafo. Além do mais, ficaria muito comum uma mulher apaixonada pelo namorado da irmã. E como não consegui evoluir em cima disso, deixei de pudor e permiti que o personagem se desenvolvesse sem restrições.
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Certa vez, conversando com um amigo, ele me contou que um dos nossos colegas estava gostando dele e que tinha lhe confessado isso. Eu fiquei impressionado com o fato, e como meu amigo não deu chances para o apaixonado, a história não se desenrolou.
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Logo em seguida, assisti ao filme O Talentoso Ripley. Juntei as duas histórias e tive uma inspiração incrível que foi criar Diário de Rafinha.
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A escolha do universo adolescente veio porque a adolescência é uma fase bastante complicada, agitada e confusa. Não seria conveniente um adulto de cabeça formada e experiências sobre a vida tomar certos tipos de decisões que o protagonista tomou. Imediatamente imaginei que na adolescência existe essa coisa de processo existencial, a dúvida entre o bem e o mal, a rebeldia e a incerteza sobre os sentimentos e a própria sexualidade. A lição que eu tento passar através do texto é que nem sempre podemos seguir nossos instintos sem ter as consequências, sejam elas boas ou ruins.
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Quando escrevi Diário de Rafinha eu era muito menos experiente do que hoje; é incrível olhar pra trás e perceber que amadureci tanto em tão pouco tempo. Apesar de acreditar que é uma história boa, sempre a dúvida me cutuca: será que consegui passar a mensagem que eu queria? Será que as pessoas vão gostar da história?
O que me salva é que vários amigos já leram e me disseram que a história é muito boa, mas sempre me pego pensando se eu podia fazer melhor!
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Alguns escritores e críticos falam na existência de uma literatura gay. Você concorda com esse tipo de classificação?
Não concordo. Acho que a literatura é uma só, não importa se é uma ficção, biografia ou histórias baseadas na realidade, tampouco se fala de gays ou heterossexuais. Acredito que, independentemente das histórias, cada uma encanta, fascina ou intriga alguma pessoa.
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Você teve algum tipo de preconceito no mundo literário ao tratar da temática homossexual?
Até hoje não recebi nenhum comentário, nem passou pelo meu conhecimento nada parecido com preconceito. Mas estou aberto aos críticos. Acho que sempre tem alguém que direta ou indiretamente se incomoda com a produção alheia. E se isso acontecer com um livro tão leve como esse, escrevo um mais denso, ousado, erótico e, se duvidar, pornográfico, para dar motivos a eles de criticar. Além do mais, o que seria de nós se todo mundo achasse lindo o que a gente fizesse? Aí não teria graça.
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Eu escrevo para os meus leitores. Os temas e personagens representam assuntos e pessoas que existem no mundo real. Alguns deles são criações da ficção que a literatura permite ao escritor lançar mão. Se algum texto que escrevo incomodar alguém, esse texto cumpriu o objetivo, pois não faço literatura plana, não quero repetir o que já existe no mercado. Isso não quer dizer que eu faça polêmica pela polêmica, nem que eu escreva pensando em vender. Não. A polêmica dos meus escritos surge pela própria necessidade que o escritor tem de se indignar, de imprimir sua marca pessoal, de instigar o mundo e a sociedade a reverem pontos de vista, a analisar de novo, a tentar novas saídas. É claro que as críticas, no fundo, serão bem-vindas, na medida em que me derem combustível para a reflexão, para o debate. Essas críticas literárias, nesse nível, vão alimentar o meu processo criativo. As críticas de quem tem inveja ou daqueles que não entendem que o mundo é tão diverso, estas eu não farei o menor esforço para tentar entender.
Acho que tem um trecho do texto da peça Escombros, que estou ensaiando, que cabe muito bem para essa pergunta. Diz a seguinte frase: “Os ignorantes são sempre céticos ao receberem novas informações.”
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Como foi o lançamento na Bienal do Rio? Esse lançamento contribuiu para a repercussão do livro?
Essa foi minha primeira experiência numa feira internacional do livro. Sou muito crítico em relação aos textos que escrevo. E o fato de estar numa feira internacional, onde havia muitos artistas, escritores famosos e muitos livros sendo lançados ao mesmo tempo, me deixou pior ainda! Achei que não apareceria ninguém no coquetel do lançamento e me surpreendi quando meu assessor me avisou que todos os livros tinham sido vendidos.
Fiquei com a mão cansada de tanto autografar, mas no fim do dia, apesar do cansaço, eu estava feliz pela repercussão que o livro conquistou.
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Como foi escrever um romance sobre um gay sendo um heterossexual?
No início, quando resolvi metamorfosear a personagem principal de uma garota para um garoto, imaginei que viessem comentários, que pensassem ou afirmassem que eu era gay. E foi o que aconteceu. Mas isso não tem importância, pois acredito que todos somos iguais, independentemente de raça, orientação sexual, religião ou classe social. Não sou gay, mas tenho amigos gays, o que me ajudou a desenvolver o personagem.
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E os planos a partir de agora? Tem algum livro no forno?
Estou me dedicando ao teatro, ensaiando a peça Escombros, que entra em cartaz em janeiro. Mesmo assim, reservei um tempinho para escrever a minha segunda obra, que teve seis meses de trabalho. Provisoriamente se chamará Morte, Paixão e Mistério em Rainy City. Esse livro conta a história de uma cidade fictícia, onde se esconde um psicopata colecionador de olhos, dando um clima denso à vida de Clarissa e Apolo, dois irmãos de pai e mãe que se apaixonam perdidamente.
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Mas isso não é tudo... Estou agora na minha terceira criação literária, que também tem um nome provisório, Narciso Monarazo - A biografia de um garoto de programa. O livro conta a história de um adolescente que faz programa pela primeira vez acidentalmente. Acaba gostando da experiência, por ser com uma pessoa pela qual ele se sentiu atraído. Pensando que dali em diante seria tão fácil como a primeira vez, ele se envolve com outras pessoas e entra para a prostituição. Então, o rapaz percebe que não era bem o que ele pensava e que sair daquela vida não é tão fácil como imaginava. O garoto vai se afundando ainda mais e a situação piora quando ele comete um crime sem querer. Daí ele perde-se no mundo das drogas, tornando a saída da prostituição ainda mais difícil. Nesse livro não pouparei palavras, muito menos cenas de sexo, que serão contadas de forma grotesca e podre, relatando os segredos mais ardentes e dissimulados de cada personagem. O livro contará com um diálogo jovial, já que a história é composta por adolescentes. Acho que esse será mais denso e polêmico do que o Diário de Rafinha.
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Em algum de seus livros você trata de experiências pessoais?
Houve uma fase na minha vida em que eu me sentia confuso pelo fato de ter que parar de estudar e começar a trabalhar, enquanto meus amigos dormiam até tarde e saíam para se divertir. Isso me deixava um pouco mal e comecei a ter distúrbios de rebeldia, discutindo com meus pais e os desobedecendo em tudo.
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Essa foi uma das características que tirei de mim e adicionei ao Rafinha. Assim também como a rivalidade que criei entre ele e o Olavo foi resultado de uma experiência que tive no colégio. Andava brigando com um colega de sala e levamos essa antipatia até o fim do curso, mas nada comparado à rivalidade dos dois personagens (risos)... A minha era só briga de colégio mesmo.
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Após ler Diário de Rafinha e ver as sinopses de seus novos livros, me chamou a atenção a atração que você tem pela polêmica, e o fato de que seus livros têm algo de thriller. Você poderia falar um pouquinho sobre isso?
Acredito que cada escritor tem uma marca, cada artista opta por um assunto a ser tratado, e eu opto pela polêmica e as histórias não convencionais.
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Tanto no teatro, na literatura ou mesmo na passarela gosto de inovar, criar, ousar, despertar no público uma emoção, passar pra ele uma mensagem através da minha arte, causar sentimentos de indignação ou aceitação. Acho que se todo mundo cantasse, interpretasse e pintasse do mesmo modo, aí não seria mais arte, porque arte pra mim é inovar, derrubar padrões e tabus e despertar no público emoções que só podem ser despertadas através da arte.
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Quanto ao thriller, realmente é uma característica de minhas obras. Tenho paixão e gosto das coisas diferentes e às vezes até um pouco macabras; adoro assuntos que tratem da mente do ser humano, da loucura. Aliás, esse tema vai estar muito presente no segundo livro, pois gosto de contar o que muita gente é capaz de fazer para alcançar seus objetivos. Personagens assim estão presentes nos meus três livros. Claro que lapidando, exagerando um pouco e às vezes dando uma dosagem menor para que não fique repetitivo nem contando histórias já contadas. Como sempre, fugindo do convencional!
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Blog de Léo Dragone: http://leodragone2009.blogspot.com/

domingo, 21 de março de 2010

Hoje alguém vai matar um homossexual


Por: Valdeck Almeida de Jesus

Na medida em que nos acomodamos e deixamos a vida correr solta, estamos incentivando crueldades, assassinatos, injustiças. É o mesmo que dizer “não vou me importar com as denúncias, não ligo para prisão, não estou nem aí para condenação”. A inércia da sociedade permite que muita gente pense que matar gays e lésbicas não é crime. Afinal, quantos assassinos de gays, lésbicas, travestis, transgêneros e transexuais foram investigados, denunciados, condenados e estão na cadeia?

A resposta não é difícil de encontrar. Basta ler nos jornais diários, fuçar os sites de notícia na internet, ver os telejornais ou ouvir programas policiais no rádio. A cada dia vidas são destruídas, famílias ficam órfãs de seus entes queridos. E o pior: ninguém sequer lamenta a morte dos “viados” ou das “sapatonas”, como são chamados, pejorativamente, os homossexuais no Brasil.

Quem levanta a voz, espalha denúncias e grita nas ruas, passeatas, Câmaras de Vereadores e no Congresso Nacional é o Grupo Gay da Bahia. A entidade coleciona matérias jornalísticas e faz uma contagem não oficial dos assassinatos. Os números dão conta que a homofobia, o ódio aos homossexuais, continua dizimando uma parcela da população brasileira. Mas uma andorinha só não faz verão.

Após a morte de um gay, as notícias se espalham e a discussão sobre a homofobia volta à pauta. Em seguida, tudo é esquecido. Nada é feito. Nenhuma providência efetiva é anunciada pelas autoridades… Nem mesmo a morte de homossexuais famosos é investigada e punida. Desse jeito, não dá para viver num país como esse. Por isso, muitos gays estão fugindo do Brasil, tentando refúgio em outras paragens do mundo.

A solução, no entanto, não está na fuga, não está no silêncio cúmplice. Se não tomarmos uma atitude séria, a realidde não vai mudar. Homofóbicos vão sair de casa para matar, voltarão aos seus aposentos e irão dormir o sono dos justos.

Algo precisa ser feito, com urgência. A sociedade deve sair do conforto e brigar por respeito, pela dignidade do ser humano. Direitos Humanos iguais para todos, já!

Fontes:
Galinha Pulando e Dzaí

quinta-feira, 18 de março de 2010

Procura-se Juiz com segundo grau completo


Paga-se bem, com direito a folga semanal, férias e décimo terceiro salário.

Por: Valdeck Almeida de Jesus

O título e a linha de apoio deste texto é apenas um trocadilho, para chamar a atenção do povo para o que vem acontecendo no Brasil. A população já sofre e vai continuar a sofrer milhares de perdas, por culpa dos desmandos políticos, por falta de mobilização das pessoas, por desinteresse dos eleitores em gerir os destinos do país, deixando o comando da nação nas mãos dos políticos.

O Estado, agora, é privado. O que é público e notório é a falência das instituições. A violência é a ponta do iceberg, de um problema social gravíssimo, fomentado pela falta de investimento em educação de qualidade, ações preventivas na área de saúde, criação de emprego e distribuição equitativa da renda nacional. Segurança pública é um problema ainda mais grave, em que os investimentos deveriam ser em prevenção das causas, o que não acontece, infelizmente.

Junto com o desmantelamento do Estado, vem a privatização de todas as atividades antes exercidas por este. Na área da saúde, o atestado de incompetência estatal fica estampado nos contracheques: auxílio para pagar planos de saúde privado; previdência social: ou se paga um plano de aposentadoria complementar ou se amarga a redução do valor do salário após o servidor se aposentar. Na educação: financiamento público das faculdades-empresas particulares, através do FIES, PROUNI e outras siglas; Segurança: exércitos de vigilantes particulares, inclusive tomando conta das instituições públicas, por pura falta de “segurança” pública...

Notícias publicadas em jornais de grande circulação ou em boletins de sindicatos dão conta que as perdas dos funcionários públicos são cada vez maiores: não há mais licença-prêmio (três meses de folga a cada cinco anos de trabalho ininterrupto); aumento de carga horária; não se pode mais ‘vender’ um terço das férias; não há mais incorporação de quintos ou décimos; não se incorpora mais os anuênios (1% a cada ano de trabalho efetivo); serviços de copa, vigilância, portaria, limpeza, telefonia, informática, digitação, motorista, etc foram terceirizados.

Mais prêmios: congelamento de salário por dez anos; limitação dos gastos com serviço de pessoal; metas de produtividade; aumento de carga horária... Ah, mas os servidores públicos ainda têm uma vantagem: ESTABILIDADE. Não, não têm mais. A meta agora é demitir funcionários “estáveis”, por insuficiência de desempenho. Usada contra os “protegidos” seria mais que justo, mas, se usada para perseguir quem realmente trabalha, a possibilidade de demissão pode se tornar uma poderosa e silenciosa arma de assédio moral.

Só falta terceirizar os serviços judiciais. Não vai demorar muito para que juízes e juízas sejam terceirizados e não precisem de curso superior.

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VALDECK ALMEIDA DE JESUS, 43, Jornalista, funcionário público, editor de livros e palestrante. Membro correspondente da Academia de Letras de Jequié e efetivo da União Brasileira de Escritores. Embaixador Universal da Paz. Publicou os livros Memorial do Inferno: a saga da família Almeida no Jardim do Éden, Feitiço contra o feiticeiro, Valdeck é Prosa e Vanise é Poesia, 30 Anos de Poesia, Heartache Poems, dentre outros, e participa de mais de 60 antologias. Organiza e patrocina o Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus de Poesia, desde 2005, o qual já lançou mais de 600 poetas. Site: file:///E:/Diversos/www.galinhapulando.com e E-mail: valdeck2007@gmail.com


Fonte:
http://www.galinhapulando.com/visualizar.php?idt=2145277
Contato: (71) 8805 4708

sábado, 6 de março de 2010

Clevane Pessoa doa livros eletrônicos

Entre no site da nordestina, do Rio grande do Norte, nascida em São José do Mipibu, radicada em Minas Gerais. Nasceu em 16/07/47.

Psicóloga clínica, atua em consultórios, Ongs e Ogs, ministra palestras, conferências. Tem trabalhos publicados em revista especializadas, anais de congressos. Atualmente é Delegada da ALPAS XXI (A Palavra do Século XXI) em Minas Gerais e membro da Academia Dorense de Letras de Boa Esperança, MG. Recentemente, tomou posse na ANELCA (Academia Nevense de Letras, Ciências e Artes), em Neves, MG. Pertence, na Internet, a vários grupos, sendo membro da REBRA (Rede Brasileira de Escritoras), que congrega apenas mulheres.

Veja aqui o link: http://www.viladasartes.org/bv/clevane/clevane.htm

sexta-feira, 5 de março de 2010

Escritor Carlos Vilarinho lança livro de contos na livraria LDM






O Velho – 18 contos cotidianos e fantásticos sairá com o selo da Assembléia Legislativa da Bahia

Priorizando a originalidade e a imaginação fantástica, o diretor executivo da Câmara Bahiana do Livro, Carlos Vilarinho, lançará no sábado, dia 6 de março, a partir das 10h, a coletânea de contos O Velho – 18 contos cotidianos e fantásticos. O evento, que incluí bate papo com o autor, será realizado na Livraria LDM, na Piedade. O livro traz os contos A Dama e O Ogro Quiromaníaco que foram premiados em dois concursos literários com temática erótica, o primeiro em Brasília e o segundo em São Paulo e em Vitória (ES).

O autor apresenta uma linguagem própria, sem efeitos e com muita clareza. Desnuda o ser humano que está a sua volta e a si mesmo tornando-o também protagonista de sua narrativa singular. Nos contos Cartas de amor e O Degolado, fatos distintos que se entrelaçam ao final em memória longínqua dos personagens afins. Cheiro das Entranhas presenteiam ao leitor tênue visão de desejo e que passeia no imaginário de qualquer pessoa.

Já os contos Esquecidos de Si Mesmos, Usura, Pederastia e Clemência Para os Néscios, O Aposentado e O Homem – Pimenta são dramas de natureza genuinamente humana, a inveja que permeia e assola a vontade de quem não se estabelece no cotidiano do bojo social. O Boçal, Transe Ritualístico, O Fotógrafo, A Crise de Seis Mortes, O Homem Que Não Queria Morrer e Olho Frio são textos onde o fantástico e o terror real e inimaginável se misturam em suspense e atmosfera também dramática. Por sua vez e em contraponto ao terror apresentados por esses citados, em A Dama dos Olhos de Esmeralda, Tudo É irreal e O Velho, são histórias de imaginação dramáticas e acolhedoras. Finalmente fecha com um Conto de Natal onde a atmosfera natalina está presente no personagem Sofia.

O autor - Carlos Vilarinho é natural de Salvador. Diretor Executivo da Câmara Bahiana do Livro e professor e educador de Jovens e Adultos. Autor de As Sete Faces de Severina Caolha & Outras Histórias, selo Letras da Bahia 2005. Crime Oculto, romance genuinamente baiano, ainda sem edição. Vencedor do concurso literário "Bahia de Todas as Letras" UESC, com o conto "Ogro Quiromaníaco" 2006/2007. Vencedor do concurso "Cléber Onias Guimarães" Conselho Comunitário de São Paulo, modalidade crônica com o texto "A Restituição dos Zacheus", 2006.

Serviço:
O que: Lançamento do livro O Velho – 18 contos cotidianos e fantásticos
Onde: Livraria LDM, (Rua Direita da Piedade, 20 Piedade - Próximo a Secretaria de Segurança Pública )
Quando: Dia 6 de março, (sábado) a partir das 10h,
Entrada: Franca
Informações: (71) 9612-2775 / 8122-7231