sexta-feira, 7 de outubro de 2011

SolVendo Poemas: Sol vendo sentidos

“SOLvendo Sentidos” é mais que o nome do primeiro livro de Sol Dantas. Nas palavras da própria autora, esta obra “é a absorção do que tem sentido pra mim e do que dá sentido ao que faço. É solver os sentidos da vida e ver sentido no seu discorrer, sob uma visão flexível, mas muito peculiar. Ficção e realidade se confundem nos encontros e motins dos meus eus poéticos, que brincam com as palavras, enquanto derramam seus sentimentos em versos livres e métricos”.

Para a blogueira e escritora Miriam de Sales, “está chegando a hora tão esperada do lançamento do livro de poesia da poeta Ivone Soll. Sou testemunha da qualidade dos poemas e do esmero em que foram tratados, seja na publicação, na escolha ou na beleza dos temas. Eu que acompanhei de perto a gestação, o nascimento, as escolhas e ainda batizei o neném escrevendo o prefácio, estou numa felicidade que só. Porque está nascendo um trabalho que dignifica a Poesia e que vai deixar muita gente feliz por ter essa obra na sua estante. O Prêmio Nobel deste ano foi para um poeta sueco; a poesia está voltando à moda, à maneira de Ivone SOL-vendo Sentidos. Só me resta dizer "merde", como os franceses”.

Ivone Sol é radialista, professora e poeta. Participante de vários movimentos culturais de Salvador, a escritora é uma incansável guerreira que luta todos os dias pela literatura baiana. Este é seu primeiro livro, de muitos que virão, fruto de muita inspiração e muito suor. Com certeza já é sucesso, como tudo o que sol faz. A energia e a aura da poeta transpira e inspira trabalhos poéticos que transbordam criatividade, qualidade e bom gosto. Para abrilhantar o coquetel de lançamento, vai haver apresentação especial dos músicos Juca Dy Paula e Andriz Petson.

O que: Lançamento do livro “SolVendo Poemas”, de Ivone Sol
Onde: SESC Nazaré – Avenida Joana Angélica, 1541 – Nazaré – Salvador-BA
Quando: 14 de outubro de 2011, às 19 horas

Fonte: Jornal do Brasil

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Livros baratos e sessão de autógrafos marcam Feira de Livros na Praça do Campo Grande

Valdeck Almeida de Jesus (foto: Edmar Mascarenhas)
Por: Ascom/FPC

A Fundação Pedro Calmon/SecultBA realizou ontem (02/10) mais uma Feira de Livros na Praça do Campo Grande, na qual reuniu editoras, livreiros e escritores, com o objetivo de proporcionar aos visitantes do local, momentos de lazer e livros com preços promocionais. Antônio Cedraz, Luiz Afonso, João Rocha Sobrinho, Itaberaba Lyra e Juvenal Teodoro Payayá foram alguns dos autores que marcaram presença e autografaram seus livros.

Para o escritor Mayrant Gallo, diretor do Livro e da Leitura da Fundação Pedro Calmon, a Feira mensal já é um sucesso. “Podemos afirmar isso pela quantidade de escritores e pessoas que compareceram e compraram livros”. Essa é uma opinião compartilhada pelo cartunista e escritor Antonio Cedraz. “A Feira surpreendeu as minhas expectativas, não esperava que fosse tão boa assim. Deve continuar, pois o local está se tornando um ponto de encontro e de leitura”, disse o criador dos quadrinhos da Turma do Xaxado.

“A cidade precisa dessa cultura de incentivo à leitura. Se não houver eventos como este, como as pessoas vão gostar de livros?”, disse a arquivista, Ana Cláudia Cupertino, 36 anos, que estava com as mãos cheias de livros, na companhia de sua filha, Luciana Vitória, 11 anos, que dividia com a mãe, a satisfação de estar em um ambiente tão sugestivo. “Gosto bastante de história, e encontrar Antônio Cedraz aqui é um privilégio, pois seus livros trazem histórias de Salvador, da Bahia, do Nordeste e do Brasil”, falou a jovem leitora, fazendo coro com a mãe, para dizer o quanto é importante à realização da Feira de Livros na praça.

Para o escritor Valdeck Almeida de Jesus, que aproveitou a oportunidade para distribuir dois dos seus novos cordéis Mulher - Ketchup e Jorge Amado (1912 -2012) 100 anos do nascimento, a Feira na praça é importante porque fica acessível a todos. “A iniciativa merece aplausos e continuidade para criar a cultura, o hábito da leitura para o povo que freqüente a praça e associar o passeio ao encontro com os livros e os autores”.

O escritor João Rocha Sobrinho veio de Feira de Santana para autografar seu livro Uma História do exercício da cidadania no Brasil, publicado em 2010. Na visão de Rocha é uma grande vantagem abrir espaço para produtores e escritores, já que os espaços nas livrarias são limitados. “É um bom incentivo do Governo. A leitura para o pobre é vista como um ato de sacrifício, no entanto para os filhos da classe média é vista como uma coisa prazerosa. A Feira cumpre esse papel importante, abrindo porta para estimular a leitura entre os mais pobres, além de divulgar os escritores da Bahia”, destacou.

Próxima Feira – Em novembro, a Feira do Livro do Campo Grande será realizada no dia 13 (domingo). Editoras, livreiros e escritores interessados em expor suas obras devem entrar em contato com a Diretoria do Livro e da Leitura da Fundação Pedro Calmon/SecultBA, através dos números: 71 3116-6922/6923 ou e-mail: dll.fpc@fpc.ba.gov.br.

Fonte:
http://www.fpc.ba.gov.br/node/1628
http://www.brasilwiki.com.br/noticia.php?id_noticia=46400
http://www.galinhapulando.jex.com.br/espaco+do+escritor/livros+baratos+e+sessao+de+autografos+marcam+feira+de+livros+na+praca+do+campo+grande

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Fala Escritor no mês das crianças

Camila, Gabriel e Clara




Na edição de outubro, o Fala Escritor faz uma homenagem a todos os escritores mirins, na figura do talento mais jovem da Bahia: Gabriel Maciel. No evento também vão ser lançados os livros “Figuras Típicas e Religiosidade Popular de Jequié”, de Domingos Ailton e “Che, um poema guerrilheiro”, de Carlos Pronzato. Além disso, a música ribeirinha de Dé Barrense e os recitais poéticos completam a noite de sábado (08/10) na Saraiva do Iguatemi, a partir das 18 horas, com entrada franca.

Movimento Cultural Clarear (MCC)
Nesta edição o Fala Escritor apresenta uma família ímpar e plural. Clara Maciel é a matriarca de uma trupe da alegria e das letras. Fundadora do MCC, ela é mãe, escritora, poetisa, cordelista, ativista cultural e promotora de eventos. Clara se apresenta no quadro “Quem é o escritor” e traz consigo os filhos: Gabriel Francisco Santos Maciel, 12 anos, que aos seis ganhou concurso de poesia da rede Municipal de ensino. Aos oito anos lançou o primeiro livro, “Histórias do Folclore”, na Biblioteca Infantil Monteiro Lobato. No mesmo ano recebeu a medalha “Nosso Talento”, da Secretaria de Educação de Salvador. Em agosto de 2009, lançou na Biblioteca Juracy Magalhães Jr., no Rio Vermelho, o segundo livro “O Pequeno Grande Herói”; Camilla Maciel, 16 anos, cursando o 4º ano técnico em eletromecânica, lançou “Um Pesadelo Chamado Otto”, seu primeiro livro.

LANÇAMENTOS
“Figuras Típicas e Religiosidade Popular de Jequié”, livro de autoria do professor e jornalista Domingos Ailton, que abordará o tema Tradição Oral e a Literatura Regional em sua palestra. Membro-fundador da Academia de Letras de Jequié, autor de peças de teatro, documentários e romances históricos, Domingos também edita a revista “Cotoxó” e dirige a ong Grupo Ecológico Rio das Contas – GERC, além de participar de movimentos culturais e políticos no Brasil inteiro.

O jornalista Carlos Pronzato lança “Che, um poema guerrilheiro”. Pronzato é cineasta argentino e reside no Brasil. Atuou na Revolta do Buzú, quando estudantes tomaram a rua para protestar contra o aumento da passagem do ônibus, em Salvador; e no dia 16 de maio de 2001, quando universitários exigiram a cassação do senador baiano Antonio Carlos Magalhães. Seu mais recente documentário, "Madres de Plaza de Mayo, Memoria, Verdad, Justicia" (Produção Executiva de Lola Laborda) ganhou o Prêmio Especial do Juri na XXXVI Jornada Internacional de Cinema da Bahia (2009) e o Premio Internacional Roberto Rossellini, no Festival de Maiori, na Itália (2009).

MÚSICA
Dé Barrense, o porta-voz do Rio São Francisco, depois de uma turnê por Sampa, terra da garoa, volta à terra do axé e da alegria, para encher o espaço Glauber Rocha com seus cantos e acordes. Dé já gravou vários CDs independentes e musicou 18 poemas de Valdeck Almeida de Jesus. Sucesso nas rádios Raiz Online (Portugal) e Sol (Diadema-SP), a música dele transpõe fronteiras e viaja mundo a fora.

PROJETO
O Fala Escritor nasceu da iniciativa do escritor e historiador Leandro de Assis, com apoio de vários outros poetas. A proposta é abrir espaço para escritores divulgarem suas obras, recitarem poemas e fazer intercâmbio cultural. A equipe é composta por Leandro de Assis, Valdeck Almeida de Jesus, Renata Rimet, Fau Ferreira, Carlos Souza, Pinho Sannasc e Cymar Gaivota.

Serviço:
O que: Fala Escritor – mês das crianças
Onde: Livraria Saraiva Mega Store do Shopping Iguatemi.
Quando: Dia 08 de outubro (sábado) a partir das 18h.
Entrada: Grátis
Informações: (71) 8831-2888 / 8805-4708 / 8122-7231
www.falaescritor.blogspot.com

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Encontro de Escritores Baianos tem Inscrição Prorrogada



Continuam abertas as inscrições para o II Encontro de Escritores Baianos Independentes - ENEBI, que será realizado nos dias 9, 10 e 11 de setembro de 2011 (sexta-feira, sábado e domingo), na Biblioteca Pública do Estado da Bahia, situada na Rua General Labatut, 27 – Barris, Salvador-BA. Coordenado pelos jornalistas e escritores Roberto Leal e Carlos Souza, o ENEBI tem por objetivo a integração da classe e intercâmbio e debates de ideias em prol dos escritores baianos independentes.

O evento é uma realização da Fundação Òmnira, com o apoio do site www.galinhapulando.com, numa parceria em prol da literatura baiana. O Galinha Pulando, canal de divulgação literária do escritor Valdeck Almeida de Jesus, promove concursos literários, lançamentos de livros e apoio a projetos como o Fala Escritor e outros. O trabalho realizado por Valdeck lhe rendeu o título de “Personalidade de Importância Comunitária”, outorgado pela Fundação Òmnira, que lhe será entregue durante a realização do Enebi.


PROGRAMAÇÃO
09 de setembro - sexta-feira – 19hs
Lançamento da coletânea “Enebi de Poesia & Prosa” Ed. Òmnira, "ENEBI de Poesia & Prosa', que tem apresentação dos jornalistas e escritores Carlos Souza e Roberto Leal e a participação de 11 escritores: Antônio Santana, Cosme Costa, Cristiano Ferreira, Everaldo Oliveira, Iolanda Costa, José Cupertino, Luís Carlos de Oliveira, Maria LA Bonia (USA), Maria Theofila, Mário Alcântara e Sapiranga.

Lançamento do romance histórico do escritor feirense Alberto Peixoto “Dasdores: A difícil vida fácil”, com apresentação da psicopedagoga Andréia do Vale Reis e ilustração de capa de Daniel Ponciano. A obra relata a história de uma prostituta nordestina que, depois de muitos anos vivendo uma vida difícil, na zona de baixo meretrício de Feira de Santana, dá a volta por cima e se casa com um cliente e vive uma grande paixão e constroi uma família. O livro é recheado de passagens históricas sobre episódios ligados às datas festivas e acontecimentos importantes da época.

09 de setembro - sexta-feira – 20hs
Show musical com o cantor Sapiranga. Pesquisador da cultura popular, Sapiranga criou o conceito da Música da Zona da Mata da Bahia. É uma música arrojada e moderna, com raízes fincadas na Mata Atlântica, lugar onde nasceu o artista e de onde ele tira o sentido e o estilo musical próprio.

10 de setembro – sábado – 19hs
Show com o cantor angolano Carlos Nascimento, que também lançará o livro “Angolando Poesias e Canções”, publicado por Editions Lusophone/França, obra com apresentação do escritor e editor Roberto Leal.

11 de setembro – domingo – 10hs
Encerramento do encontro e lançamento da Revista Òmnira nº 5, com artigos, resenhas de livros, poesias, contos e crônicas de escritores brasileiros, guineenses, portugueses e timorenses e dos vencedores do IV Prêmio Òmnira de Poesia & Conto.

A taxa de inscrição é de R$ 30 para o público (com certificado), R$ 25 para escritores, R$ 20 para associados UBE-BA e R$ 15 para estudantes. O certificado é opcional, taxa R$10. Inscrições prorrogadas, até o dia 30 de agosto.

Mais informações
Fundação Òmnira, Rua Leste 2, quadra 37.2, lote 01
41500-610 - Parque São Cristóvão
Salvador-BA
Telefax (71) 3252-1693 / 8146-0940
E-mail: lealomnira@yahoo.com.br

Fonte:
http://www.brasilwiki.com.br/noticia.php?id_noticia=45120
http://www.galinhapulando.com/visualizar.php?idt=3163580

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Fantamas de uma Cidade Grande


Fantamas de uma Cidade Grande

Por: Valdeck Almeida de Jesus

Quando eu saí de Jequié para Salvador, em 1993, eu estava em busca de “espaço para viver”. Eu não queria assumir a sexualidade para a família nem pra mim. E não queria “chocar a família” ou me chocar, porque a gente aprende a vida inteira que ser o que a gente é, é errado. Ser negro é errado, ser gay é errado, ser branco é errado e ser loiro é errado… ser baixo, ser gordo, enfim…

E em Salvador eu achei que eu seria ou mais um na multidão, ou eu poderia, pra mim mesmo, me olhar no espelho com mais coragem. A maior parte do tempo eu vivi em Salvador sozinho, na solidão. Não a solidão de companhia de pessoas, de amigos, de relacionamento, de família etc, mas a solidão da busca humana, a solidão da busca que nem sempre a gente sabe o que é que está procurando. E nem sempre sabe se realmente está em busca. É meio complexo, mas acho que a vida é assim: louca, complexa, incompreensível.

Com o passar do tempo eu fui me encontrando com pessoas, com situações, cursos, atividades, música, enfim. E fui me deixando levar sem nem às vezes saber que estava sendo levado. É como se estivesse na correnteza de um rio e na hora que cansava pegava o primeiro tronco que estivesse próximo, pra respirar um pouco, tomar fôlego. Muitas vezes nem sabia que estava no meio de uma correnteza e que estava indo para algum lugar. Eu não tinha, como muita gente também não tem, uma meta, um projeto, um trajeto a seguir.

E essa corrida nesse rio às vezes não tinha tronco pra me segurar; às vezes tinham vários troncos. Eram pessoas, era o trabalho, uma arte, poesia, às vezes não tinha tronco nenhum. Às vezes eu afundava, por falta de tronco para me segurar. Às vezes eu boiava mesmo com vários troncos por perto. Outras vezes ia flutuando sobre a água. Vivendo, aprendendo e desaprendendo.

Depois que minha mãe morreu, em 2000, eu tomei consciência de que ela tinha envelhecido. E que eu estava na correnteza o tempo todo e nem sempre eu percebia a vida passando. Ou eu passando, sei lá. Essa questão de tempo e de espaço é muito bem complexa. E aí vieram os fantasmas que estavam sempre ao meu redor e eu não via. Ou por serrem fantasmas ou porque eu não acreditava em fantasmas. Eles foram chegando e tentando me assombrar. Alguns eu espantava tomando cerveja nos finais de semana com os amigos; outros eu espantava simplesmente ficando em casa e pensando a vida; mais alguns eu espantava trabalhando ou dormindo, enfim.

Apareceu uma pessoa, das tantas outras pessoas-troncos nas quais eu me segurei e que, essa pessoa ou estas pessoas às quais eu me apeguei não queriam servir de calço pra ninguém. Eu não sabia que eu estava fazendo elas de calço, de tronco pra me firmar. Elas estavam, também, na correnteza do rio, talvez no mesmo processo que eu, de consciência, semi-consciência, inconsciência de como o processo tava indo, como a correnteza estava forte ou fraca, de onde era fundo, de onde era raso. No momento em que essa pessoa-tronco afundou ou boiou ou se engarranchou numa pedra, ou a água levou para a beira do rio, e eu não pude acompanhar, porque a correnteza me jogou para o outro lado, eu comecei a tomar consciência de que eu precisava de mais alguns troncos por perto. Não só para me segurar e me salvar, me safar, mas pra ficar ali, ao meu lado. E aí foi nesse momento em que eu caí em depressão: tristeza, desânimo… Eu acho que eu já era desanimado, depressivo e triste antes, mas a falta daquele tronco-principal fez tudo vir de uma vez só. Abriu as portas para todos os fantasmas chegarem.

E aí foram remédios, foram médicos, foram psiquiatras, psicólogos, psico sei lá o que, centro espírita, livros sobre depressão, mensagens de ânimo, orações, enfim. E aí apareceram outros troncos e cada vez que os fantasmas vinham eu espantava eles. Cada vez menos fantasmas apareciam.

Na vida numa grande cidade, ou numa cidade grande, com dois milhões e novecentos mil habitantes nem sempre é possível a gente encontrar encontrar as pessoas, os troncos. Mas o resumo é que depois de mais de vinte anos, ou estou anestesiado, ou não preciso mais de tantos troncos. Estes troncos não servem apenas de apoio para não afundar, mas para afundar junto, se necessário…

Olá, meu Santo Amaro. Eu vim te conhecer…



Lavagem de Santo Amaro é sinônimo de alegria. Eu, que cheguei à cidade no dia 29 de janeiro de 2011, com uma grande tristeza, nostalgia, desânimo, saudade, insatisfação, angústia e sentimento de não pertencimento, não consegui sair de casa para ver nem ouvir nada. Fui obrigado a ouvir trios, pois eles passavam uma rua atrás da casa onde eu estava. No dia seguinte, depois das 11 da manhã, resolvi dar uma volta, para ver se jogava a tristeza pra cima.

Acompanhei o cortejo que seguia um caminhão com fieis do candomblé. A batida forte dos tambores e atabaques me chamavam. Apesar do calor e do medo de alguém pisar em meus pés de sandálias havaianas, resisti até o fim e, no meio do caminho, caí na folia. Muito tímido, é claro, mas seguindo os passos da multidão. Aqui e ali, golava um pouco de água mineral, refrigerante ou cerveja.

Lavei a alma mas não me atrevi a lavar o corpo. A cada esquina, uma mangueira que os moradores colocavam à disposição das pessoas para se refrescarem do calor que fazia na cidade. Segui a charanga, vi dona Canô num carrinho empurrado por seguranças, acompanhada de Mabel Veloso e netos, sobrinhos, primos… Muitos velinhos e velhinhas também seguiam a muvuca, no mesmo ritmo dos instrumentos musicais, que tocavam, entre outras coisas, "Corre, corre, lambretinha", momento em que a multidão seguia em disparada. Na praça principal, um carro pipa esperava os foliões, que tomavam um banho de cima abaixo.
Eu, outra vez, me esquivei da água…

A pisada forte, o samba de roda e toda a cantoria, que não parava nem para respirar, talvez seja a energia que faz a gente de Santo Amaro viver muitos e muitos anos. Talvez, ainda, esta lavagem fortaleça os músculos e almas dessa gente hospitaleira e sorridente. Quem vai saber?

Sei que, depois de tantas viagens para a Terra de Gal, Betânhia, Caetano, dona Canô, Mabel, Jota Veloso e tantos outros, eu passei a conhecer um pouco mais dali.

Fontes: Galinha Pulando e Galinha Pulando Dois